Pedro “The Fugitive”

Até disparar sobre um militar da GNR, na madrugada do dia 11, em Aguiar da Beira, Pedro João Dias, o “Rambo” português, em versão aldeã, já tinha sido investigado cinco vezes pelas autoridades, a maior parte delas por casos de furto, tendo chegado a ser apontado como detentor de várias armas, e até de haxixe.
Em 2005, Pedro João Dias ainda era completamente desconhecido dos serviços de polícia ou justiça. Porém, o “anonimato” policial terminaria em 2006, ano em que (curiosamente) surgiu como vítima de furto, tendo mesmo apresentado queixa contra desconhecidos pelo furto de documentos, cartões bancários e cheques. Depois disso, Pedro Dias parece ter passado de alegada presa a potencial predador, protagonizando crimes de violência doméstica, o que lhe valeu (exemplarmente) 23  duríssimos meses de pena… suspensa!!! E ainda dizem que não há lei!!!
Vai daí, a sua especialização evoluiu para outros “exercícios de cidadania”, passando por furtos a residências, roubo de animais, posse de espécies protegidas, posse ilegal de armas, agressões várias… tudo, tudo sem que lhe fosse aplicada pelas “benfeitorias”qualquer pena de prisão efetiva. Muito pelo contrário, mesmo depois de o Pedrinho ter sido condenado por violência doméstica, e avaliado como sociopata, a guarda da filha foi-lhe dada  por um meritíssimo senhor doutor juiz, o que até não é de admirar, a avaliar pelo estado comatoso a que chegou a nossa Justiça.
Confesso que a imagem paralela que me ocorreu foi a da série dos anos 60, “The Fugitive”, mais tarde adaptada ao cinema, sob o mesmo título, assim como o filme “First Blood”, que espoletou a saga de “Rambo”.
Na série “The Fugitive”, bem como no filme homónimo, o protagonista usufruía da ajuda de alguns amigos ou desconhecidos que lhe reconheciam inocência, o que parece também suceder com “A fúria do herói” deste Comando do “filme” de terror português.
O “Piloto”, como também é conhecido o fugitivo português, terá assassinado um militar da GNR e um civil em Aguiar da Beira há cerca de duas semanas, ferindo ainda mais duas pessoas, uma delas em estado crítico. Desde então, já percorreu mais de 200 quilómetros em várias viaturas roubadas entre Arouca e Vila Real. Faz todo o sentido. Primeiro foi Aguiar, depois Carro Queimado. Rodas é com ele. No momento em que escrevo é também suspeito de ter roubado um jipe, algures numa quinta, porventura para participar numa competição regional de todo-o- terreno.
Outra ação benemérita que comprova igualmente a sua “boa-pessoalidade” é a circunstância de ser suspeito de sequestrar, há coisa de uma semana, um casal em Moldes (Arouca), a cerca de um quilómetro da casa onde vivem os pais. Pergunto-me se  não terá aproveitado para assistir ao Arouca-Benfica? Incrível como um homem só consegue driblar 200 polícias, 400 jornalistas, cães-pisteiros, helicópteros… e ainda  não lhe deitaram a mão! Como piloto que é, às tantas, devem-lhe ter crescido asas…
Como alguém sugeria nas redes sociais, para além do retrato do foragido, e do facto de se saber por alguns amigos, vizinhos e admiradores que o Pedro é “boa pessoa”, como, aliás, todos os bons sociopatas, há que despistar algumas questões, a saber: se é adepto de algum clube, se é militante de algum partido, quem é o barbeiro que lhe corta o cabelo, qual o seu prato favorito, qual o tempo que faz nos 100 metros planos, qual a marca de pasta dentífrica que utiliza, se é canhoto ou não, se usa papel higiénico de folha dupla, entre outras informações de igual ou semelhante relevância que possam conduzir à sua captura. Pelo evoluir das operações, pelo menos, pelo menos até…à abertura da época de caça de 2026.

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“Nem rei nem lei (…) Este fulgor baço da terra / Que é Portugal a entristecer”, já dizia Pessoa

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